AQUI FICA A EXPERIÊNCIA DE CAMINHADA DO NOSSO ELSON

Já lá vão 6 anos e alguns meses que vivo com os espiritanos e agora sou quase membro desta família, pois se assim for a vontade de Deus em Setembro próximo farei os meus primeiros votos. Foi no dia 25 de Setembro de 2005 (tinha 16 anos) que entrei no seminário espiritano na Praia onde vivi durante dois anos. Foram dois anos de real contacto com a vida de um padre onde pude desfazer das ideias falsas que tinha de padre e fortificar a minha vocação. Foram dois anos penosos, pois era a primeira vez que vivia longe da minha família à qual sou tão apegado. Mas com a ajuda dos formadores e vendo os próprios missionários que viviam comigo e que passavam mais tempo sem ver a sua família, pude compreender que Deus me chama a fazer parte de uma família mais larga, que é a família espiritana sem deixar de lado a minha família de sangue.

Depois desses dois anos parti para Portugal no dia 20 de Setembro de 2007 para fazer a teologia. Vive na Torre d’Aguilha durante dois anos. Lá depois de algum tempo de adaptação senti em casa e em família. Uma das coisas que guardo desse tempo é uma questão que o Pe. Mário (formador nessa altura) me pôs: “Na praia não tem sem abrigo?” eu respondi longo que não. Que tem é bandidos e preguiçosos que dormem na rua. Ele continuou: “ok. Vais trabalhar com os bandidos e preguiçosos de Lisboa que dormem na rua e depois vais me dizer se existe sem abrigo ou não.” O trabalho que desenvolvi com os sem abrigo e com os ilegais do CEPAC fez-me compreender que é nos mais necessitados que Deus se revela e fez-me compreender a espiritualidade espiritana que é estar ao serviço dos mais pobres e abandonados.

O cume da minha vocação e do meu desejo de entregar-se ao serviço dos outros deu-se durante um ano de estágio em Moçambique. Quando cheguei a Itoculo no dia 27 de Outubro de 2010 à noite e vi escuridão que fazia (só tinha um poste de luz no meio da população), as casas de palha, o caminho cheio de buracos disse para mim mesmo: Meu Deus onde fui meter!!! No dia que me disseram para marcar a viagem de regresso, disse: “Meu Deus! Como o tempo passa rápido! Ai se pudesse parar o tempo!”. Durante este ano vi a entrega total dos missionários que aí viviam; vi e vivi a alegria do dar-se dos missionários, estando perto dos mais pobres e partilhando a vida com eles; vi um povo “sedento” de Cristo e de eucaristia; vi um povo que vive a esperança trazida pelo Menino Jesus no meio de dificuldades; vi um povo que vive e testemunha a fé... aí pude dizer: “é dando que se recebe e a alegria está no dar-se!”.

Agora estou em França a fazer o noviciado que é um ano de aprofundamento da minha relação com Deus e da minha vocação missionária e espiritana.

Se hoje estou onde estou foi graças aos missionários e concretamente missionários espiritanos que nos transmitiram a fé que receberam e que pelo testemunho de vida despertou em mim o desejo de também dar-me a Cristo através desta congregação. E também pela minha família que me apoiou e toda a comunidade cristã que através das suas orações me acompanham e me dão força.  

É com muita alegria e gratidão que recordo dos primeiros missionários espiritanos que chegaram a Cabo Verde e do trabalho que desenvolveram. Agora é a nós espiritanos cabo-verdianos e aqueles que estão a trabalhar no distrito de levar a cabo o trabalho começado. Que toda a nossa vida e nosso trabalho “seja para a santificação das almas e para a maior glória de Nosso Senhor”. Para que assim seja, devemos aprender com Maria a ser docil ao Espirito Santo pois, “quando estamos sob a acção do divino Espírito, sob a influência completa do espirito de amor de Jesus, tudo torna-se amor em nós; todas as nossas acções, mesmo os mais pequenos movimentos da alma, torna-se amor (...) para Deus e amor para os homens...” (Libermann).