sábado, 10 de dezembro de 2011

3º DOMINGO DO ADVENTO


O convite à alegria, que nos é feito através da Palavra do Senhor neste domingo, até pode parecer uma provocação, dadas as circunstâncias difíceis por que estamos passando ou, pelo menos, estão passando muitos irmãos nossos!

Por outro lado, este convite à alegria também parece incompatível com o esforço de preparação que somos convidados a fazer. Bem ao contrário, a sua presença torna-se indispensável para dar ao nosso esforço a marca verdadeiramente cristã.

O grande desafio consiste em encontrarmos as verdadeiras fontes da alegria. Com efeito, elas não se encontram na ausência de problemas e dificuldades, nem na abundância de bens materiais, nem na quantidade de prendas que pensamos dar ou receber na próxima quadra natalícia. De facto, a alegria ou parte do presépio ou nunca será alegria nem duradoira, nem verdadeira!

Todas as outras alegrias são vazias ou vãs, porque lhes falta a força da ‘presença’. De facto, como afirma Bento XVI, o nosso Advento é presença e espera. A certeza de que o Salvador já está no meio de nós é condição indispensável para, no meio do pessimismo e descrença provocados pela presente situação mundial, conseguirmos divisar o sol que se mantém para além das densas nuvens negras que toldam o nosso horizonte. Só daqui pode resultar uma serenidade empenhada em continuar a apressar a “vinda gloriosa de Cristo, nosso Salvador”, endireitando os caminhos da nossa vida, numa palavra, deixando-nos guiar pelo Espírito do Senhor.

A verdadeira alegria vem-nos da certeza de sabemos que vale a pena, porque sabemos que não corremos em vão, nem ao acaso, pois “é fiel Aquele que nos chama. Ele cumprirá as suas promessas”.

Então, o caminho a ser por nós percorrido tem duas direcções, aparentemente opostas, mas que se implicam mutuamente:
- a da autenticidade, para nos reencontrarmos com a verdade sobre nós próprios. Neste sentido é verdadeiramente paradigmático o diálogo de João Baptista com os emissários dos fariseus: “não sou o Messias, nem sequer um dos Profetas. Sou apenas a voz que clama no deserto...”
- a dos irmãos. O caminho que nos leva até Deus, melhor: que traz Deus até nós, passa necessariamente pelos irmãos!

Sendo louvável que, nesta quadra natalícia, se multipliquem as iniciativas em favor dos mais desfavorecidos, a verdade é que os cristãos não podem deixar de ser utentes permanentes desta estrada, pois é no ir ao encontro dos outros que encontraremos a verdade profunda sobre nós próprios, que florirão os nossos desertos e a ‘voz’ do nosso testemunho adquirirá a credibilidade de João Baptista.

Para isso, quantos caminhos tortuosos a precisar de serem endireitados, quantas montanhas a serem arrasadas e quantos buracos a serem preenchidos! Mas, por maior e difícil que seja a empreitada, ela não nos assusta nem faz desanimar, porque estamos certos que “o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante de todas as nações”! Com efeito, “no meio de vós está quem vós desconheceis”.

Não se passará o mesmo nos nossos dias, não só com os outros, mas connosco próprios, por mais cristãos que nos digamos e nos sintamos? Não estará também vazio o nosso presépio? Perguntemo-nos, pois, com que águas alimentamos a nossa alegria e a nossa esperança?!
Pe. José de Castro Oliveira
pe.castro@espiritanos.org

Sem comentários:

Enviar um comentário