PE. JOÃO EDUARDO MONIZ
O Pe. Moniz ficou, sem dúvida, associado à Paróquia de S. Miguel Arcanjo nos seus 16 anos que a serviu com toda a dedicação e entrega.
Um Açoriano vindo de ilhas, chegava ao arquipélago de Cabo Verde a 18 de Dezembro de 1953 onde permaneceu até ao dia da sua morte a 17 de Abril de 1989, vivendo 36 anos de missionário passando por várias Paróquias, Nª Sr.ª da Graça, Santíssimo Nome de Jesus, S. João Baptista, S.to Amaro Abade, Santa Catarina e finalmente S. Miguel onde com mais afinco de entregou de alma e coração.
Nesta paróquia, o Pe Moniz desempenhou um papel fundamental que a memória do povo não deuxou apagar. Desde a atenção aos mais pobres e doentes, a todos visitava, passando pelos jovens que com eles mantinha encontros regulares de formação, até ao mundo da educação, fundando a Escola que hoje tem o seu nome e que já completa 33 anos de exisitência.
Associado à obra que nos deixou, legou-nos um espírito alegre, bem disposto e brincalhão, bem como uma amizade profunda com este povo, visitando e animando todas as zonas, mesmo os lugares mais recônditos da Paróquia. A sua boa disposição a todos contagiava e com todos convivia como irmão e como pai-pastor.
O cansaço e a fadiga do trabalho intenso, os problemas e constrangimentos da Escola, os cuidados intensos que lhe dava a já debilitada saúde do seu colega de caminhada, Pe. Crettaz, a falta de dinheiro para o pagamento dos professores, uma certa falta de apoio, talvez o fumo e alguns diabetes, ditaram a sua morte repentina que aconteceu de 17 para 18 de Abril de 1989.
A notícia caiu como uma bomba. Ninguém queria acreditar. A notícia espalhou-se por toda a ilha de Santiago: “Nhô Padre Moniz djá morri”. Todos diziam que não podia ser o Pe. Moniz mas o Pe. Crettaz pois este encontrava-se doente há já algum tempo. Mas a notícia não era falsa e, para surpresa de toda a ilha de Santiago, onde ele era tão conhecido, o Pe. Moniz deixou-nos, como ele teria desejado: sem dar trabalho a ninguém, mas a todos deixou consternados e profundamente tristes.
Quem conheceu este missionário espiritano sabe muito bem que se tratou de um homem dedicado e empenhado em ajudar a desenvolver e a fazer avançar em campos tais como a educação. Marcou gerações de jovens e de homens e mulheres que hoje ocupam cargos de relevo na sociedade caboverdiana e que graças ao seu empenho na formação e na criação da Escola tiveram a possibilidade de prosseguir nos seus estudos. Que o digam aqueles que tiveram a sorte e a graça de durante estes 33 anos de existência da Escola Padre Moniz passar por este estabelecimento de ensino da Paróquia de S. Miguel fundado por este missionário.
Relembrar este ano, os 20 anos de falecimento destes dois Missionários da Congregação do Espírito Santo é mais que comemorar uma efeméride. Será sem dúvida, um fazer memória viva da história missionária desta igreja diocesana que foi dando os seus frutos graças a estas sementes lançadas em boa terra, sementes essas que fizeram desabruchar nesta Paróquia várias vocações sacerdotais, missionárias e religiosas.
Pe. Nuno Miguel da Silva Rodrigues
Calheta S. Miguel
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